Pensamentos · setembro 11, 2021

TEMPO

A ideia de tempo e espaço sempre foram uma questão para mim. Como é isso para você, o futuro existe? 

“Compare‘ agora ’com‘ aqui ’. ‘Aqui’ designa o lugar onde o orador está: para duas pessoas diferentes, ‘aqui’ aponta para dois lugares diferentes. Consequentemente, ‘aqui’ é uma palavra cujo significado depende de onde é falada. O termo técnico para este tipo de enunciado é ‘indexical’. “Agora” também aponta para o instante em que a palavra é pronunciada e também é classificado como “indexical”. Mas ninguém sonharia em dizer que as coisas ‘aqui’ existem, enquanto as coisas que não estão ‘aqui’ não existem. Então, por que dizemos que as coisas que são ‘agora’ existem e que todo o resto não?”
(Carlo Rovelli)

Na, física, filosofia e na poesia, o tempo, sempre foi um assunto a ser elaborado, a ideia de que o futuro nunca chega, pois quando ele chega já é o presente, é o presente nunca é pois quando vemos ele já se foi, e o passado nunca mais será, vem sendo discutida desde que o mundo é mundo e talvez até mesmo antes disso. 

Esse fluxo, chamado tempo, nos faz ver apenas uma sequência — o antes, o agora e o depois– mas não é algo palpável como os ponteiros de um relógio que apenas marcam a hora, e junto com o calendário, tenta criar a ideia do que seria o tempo, através da contagem do passar dos anos, dias, com o passar das horas e minutos, segundos e milésimos. 

O fundador da chamada teoria da Gravidade Quântica em Loop, o teórico físico italiano Carlo Rovelli, aqui em linhas muito gerais, defende que a teoria da relatividade e a mecânica quântica nāo sāo opostas e sim complementares, e entāo, propõe a ideia de que devemos pensar em um mundo em que o tempo não é uma variável contínua;

“Porque tudo que começa tem que acabar. O que nos faz sofrer não está no passado nem no futuro: está aqui, agora, na nossa memória, nas nossas expectativas. Ansiamos pela atemporalidade, endurecemos o passar do tempo: sofremos o tempo. O tempo está sofrendo.”
(Carlo Rovelli)

Dentro dessa utopia, na qual acreditamos na linearidade do tempo, talvez nos traria instabilidade acreditarmos que vivemos em dimensões e que assim, poderíamos acessar o passado ou que, de certa forma, ainda estaríamos vivendo ele.

A Teoria da Relatividade , a qual Einstein nos apresenta que a diferença entre passado, presente e futuro seria uma ilusão e que o tempo estaria vinculado à velocidade, propondo a ideia de o tempo passaria mais devagar para quem está em alta velocidade, junto com Teoria do Bloco Universal que Bradford Skow baseado na teoria da relatividade de Einstein nos propõe que não estaríamos vivendo em um único momento com a ideia de que passado, presente e futuro coexistem e que, então, estaríamos vivendo em dimensões, realmente me atraem.

“A teoria do bloco universal diz que você está espalhado no tempo, algo como a maneira como você está espalhado no espaço.”
(Bradford Skow)

Em dezembro de 2015, quando já me questionava sobre a linearidade do tempo mas, nāo estudava tanto sobre isso, escrevi essa poesia; 

AO TEMPO

Sobre o tempo, o que nos resta?
Segundos
Apenas um milésimo de segundo
O tempo passa 
Porta, Janela, flores
Na parede rústica, sua fotografia.
Meus olhos a pintou. 
Seu segredo é deixar-se consumir pelo tempo…
Naturalmente deixo meu tempo passar 
Perco tempo
Tempo que passa e a gente não vê
Ponteiros Invisíveis compassando a vida
E fotos desbotadas que fazem a saudade. 
Única e capaz,
Faz no tempo todas as coisas pairarem no ar.
Quanto tempo nosso tempo ainda tem?

Eu ainda não tenho as respostas para as questões que eu mesmo faço ao tempo, ainda acredito que perco tempo e a saudade ainda deixa as coisas pairarem no ar mas, gosto de acreditar que o tempo não é linear.

Um filme que me fascinou sobre o mesmo assunto é Interestelar de Christopher Nolan, que teve o apoio de um consultor científico, o físico teórico Kip Thorne, para garantir a racionalidade do filme. Neste filme, Christopher e seu irmão Jonathan Nolan abordam o efeito de dilatação do tempo previsto na teoria da relatividade de Einstein.

No filme podemos ver a dilatação do tempo exemplificada em várias cenas, que é basicamente o efeito do tempo em relação à posição e velocidade do espectador. Em uma cena, o piloto da NASA Cooper, que já está em uma missão fora da Terra e longe de sua família e principalmente de sua filha mais nova, Murphy, que tinha apenas dez anos na época. Cooper entra em um planeta chamado Miller, com o tempo correndo extremamente mais lento do que na Terra devido à sua proximidade a um buraco negro. Ao deixar o planeta e entrar na espaçonave, ele descobre que depois de passar apenas algumas horas em Miller, vinte e três anos se passaram na Terra e, a essa altura, Murphy teria a idade de Cooper naquele momento. 

Enquanto não consigo acessar meu passado, perceber de forma consistente o presente, sem essa sensação de que o futuro é a cada instante e, assim garantir que estou coexistindo em dimensões, reafirmo a minha existência na ideia de que a viagem para o futuro é garantida e a faço todos os dias, ou melhor, a todo momento.

“O tempo é o que impede que tudo aconteça ao mesmo tempo.” 
(Albert Einstein)